Eu gosto de quem gosta de fotografia.
Esses dias eu senti muita saudade do meu avô enquanto revia umas fotos antigas. Ele morreu há 2 meses durante os dias em que estava de férias no Brasil. Quando eu fui pra lá, desta vez, sabia que seria nosso último encontro.
Eu sempre soube o valor da fotografia. Eu sempre valorizei a fotografia como o maior presente que temos para relembrar do passado, das pessoas que já foram, para homenagear nossa vida. Mas desta vez, foi na dor, que senti o poder que a fotografia tem.
Esses dias também eu recebi um pedido de orçamento de uma noiva. E foi diferente. Após eu explicar como eu vejo o papel da fotografia num casamento e como funciona meu trabalho ela disse que “não ligava muito para a fotografia do casamento”. Ela não tinha aquele sonho de casar, nem o de fotografar o dia. Deixou claro que queria apenas um registro simples porque tudo seria bem simples.
É normal cliente dizer isso, querendo relacionar “algo simples' com preço do serviço. Mas eu nunca tinha conhecido alguém que falasse claramente que não se importava com a fotografia. E que toda aquela valorização que eu disse que dou pra fotografia num casamento realmente não importava a ela.
(Cada um tem o direito de ser e pensar o que quiser. E devemos respeitar).
Mas esta noiva me fez refletir muito sobre o assunto.
Na relação fotógrafo/cliente normalmente nós é quem somos escolhidos por aqueles que desejam nos contratar. E não o contrário. Mas da mesma forma que as pessoas se conectam conosco também considero importante nos conectarmos a elas.
Eu não quero apenas fotografar quem me contrata. Eu quero fotografar quem me contrata por se identificar comigo e com minha arte e que principalmente sabe do valor da fotografia.
Eu quero fotografar pessoas que possuem caixas de fotografias antigas e consideram isso uma valiosa relíquia. Eu quero fotografar pessoas que não possuem essas caixas mas sabem a falta que isto faz na preservação da nossa história, na manutenção das lembranças. Fotografia é documentação da história mais importante pra gente: a nossa.
Eu poderia descrever inúmeras características do tipo de pessoas que eu quero fotografar.
Mas a principal delas é: pessoas que gostam de fotógrafa... Como a Mayara, noiva que fotografei há 3 semanas aqui em Dublin, num casamento "tipicamente simples" mas rico em emoções, histórias, sorrisos e abraços.
Em meio a estas recentes experiências eu produzi este vídeo. ♥️